O anúncio era claro: a terra estava a girar e durante um quarto de hora podíamos ver a bordo do navio outras paragens, outro país. Todos se aproximaram do convés e eu estava entre a multidão. Apenas o corrimão branco me separava do mar negro ou do abismo. Tínhamos um quarto de hora para encher os olhos de novidades; a terra ia girar e depois nada mais. De repente, numa espécie de cais ou no convés de outro navio, entre outras pessoas, vi-te. Estavas lá, também tu numa sorte de celebração. Estavas bem, feliz e eu sabia que tinha quinze minutos pelo que me apressei a gritar o teu nome. “X=X=X=X!” Tu reagiste em direcção ao som mas havia uma luz branca do navio que incidia sobre o cais e que te cegava. Apenas te apercebias das silhuetas que cortavam o halo. Chamei-te novamente ao que respondeste na minha direcção, “levanta o braço!”, mas estava muito barulho e havia muita gente. Tu começaste a acreditar que eram apenas ecos e eu não conseguia acenar o suficiente para que me individuasses.
Sabia que já tinha menos de quinze minutos. Não era a embarcação que viajava mas sim a terra que escorregava e nada havia a fazer.
Acordei fazendo força com o ombro, contra o peso dos cobertores, e com um grito preso na garganta.
Eu vi-te, tu ouviste-me, mas não o soubeste.
Sabia que já tinha menos de quinze minutos. Não era a embarcação que viajava mas sim a terra que escorregava e nada havia a fazer.
Acordei fazendo força com o ombro, contra o peso dos cobertores, e com um grito preso na garganta.
Eu vi-te, tu ouviste-me, mas não o soubeste.
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