Omissão intencional de uma ideia subentendida. Pode ser traída pela zeugma.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Matéria orgânica


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- Do you know what people did in the old days when they had secrets they didn't want to share? They'd climb a moutain, find a tree, carve a hole in it, whisper the whole secret into the hole and cover it up with mud. That way, nobody else would ever learn the secret...
- I'll be your tree! Tell me, and nobody else will ever know.
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(diálogo+ou-assim e imagem+ou-assado do 2046 de Wong Kar-Wai)
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Querido:


Não mais Dezembro, não mais Janeiro e os seus balanços do passado e projectos para o futuro. Gastas as cartas astrológicas e as imagens de Janus, acabadas as discussões orçamentais no Parlamento, findos os rankings do ano e da década em todas as conversas de café, no foyer dos cinemas, nos jornais e demais plataformas de comunicação – eles não sabem que uma década tem 10 anos e que a 1ª década do século XXI termina apenas no último dia de 2010.

Ecoa uma canção febril de Fevereiro, composta como uma manta de retalhos, num ataque de nostalgia e desejo de normalidade.
“– Como se pode ter saudades daquilo que nunca se teve?”
“– Confirmas mais um elemento do nosso legado semita: para os judeus o passado está atrás das costas.”

Que corpo tem a minha voz, que palavras ocupa, onde se aloja, poderei enfim reunir-me com ela?

Meu querido, talvez estejas cansado destas imagens vazias, poluídas, puídas, imóveis – recorda que o rosto distrai, o reconhecimento topográfico aborrece-me, o trabalho nunca está feito, a leitura é plural, as palavras polissémicas, na imobilidade existem secretas oscilações e convites.
Talvez estejas maçado com os jogos de pronomes pessoais – não subestimemos a nossa perspicácia, é de nós que falamos (?)

O tempo urge, a água agita-se,
turva,
A palavra corrige,
clareia.

O gesto rente à consciência devolve-nos ao corpo. Prosseguem as leituras sábias e as tardes líquidas.
Mas importa sair das arrábidas por nós criadas, do cabo do mundo regressar, acreditar nos gambuzinos e na sombra do tremoceiro. No meu país todas as estradas vão dar ao mar, convém ir verificá-lo de tempos a tempos.
A montanha inspira o desejo de chegar, o mar, vontade de partir.

Com urgência grotesca abrir a porta, abrir a boca, abrir mão, abrir os olhos, abrir a pestana, abrir o coração.
Abrir as asas, abrir o bico,
as torneiras, as comportas, as ideias, o compasso,
Abrir caminho,
Abrir brecha, com chave de ouro
Abrir o apetite, o jogo, o livro, a janela de par em par.

Quando sincronizaremos os passos? Para quando uma valsa lusa, o corpo embalado na f(r)icção, na fixação e deslize? É preciso a(ni)mar.

Em que passos perdidos nos encontraremos?
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Acerca-te de mim, viajante

A minha foto
P.S.: Os conteúdos da Elipse são da minha autoria (excepto quando referido), e devidamente protegidos por tormentas e bolhas de amor.