Omissão intencional de uma ideia subentendida. Pode ser traída pela zeugma.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Deux temps

Salta a pulga da balança, dá um berro até à França, os cavalos a correr, as meninas a aprender, qual será a mais bonita que se irá es-con-der.

Preparo as mãos e os pés para outras andanças. Parto para outras temperaturas, temperos e temperamentos. O tempo discorrerá saborosamente mesmo com cafés detestáveis, mesmo que eu seja maldita. Os Três Gatos ficarão sem água por uma quinzena.
Amanhã verei o tráfego menos compacto e atravessarei as ruas largas em três tempos ainda que me ditem “deux temps”.

A partida é já a preparação da chegada e vice-versa. Qual será a hora local, a velocidade cruzeiro, atravessando a Espanha de regresso a Lisboa? No torna-viagem de Berlim e sobrevoando o espaço aéreo francês, quando o comandante teve de anunciar a hora local, hesitou, informou, corrigiu, gaguejou, confirmou com o co-piloto e pediu desculpa pela incerteza. A hora é indexada à geografia mas a milhares de pés de altitude, pelos vistos, depende do destino. A hora certa não existe; apenas nos electrodomésticos das fadas do lar (12:00 sempre a piscar) ou na publicidade dos relógios cujos ponteiros marcam invariavelmente 10:10 (fixando o V imbatível).
Não sendo fada do lar, parti hoje o meu bule de vidro. A consolação foi a de ter recordado o Mau Vidraceiro*.

As revoluções ficam para os idos de Março; nos de Fevereiro não, apenas o deleite. E sorrio com os onze músculos dos lábios (da boca).
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* "O Mau Vidraceiro" de Charles Baudelaire in O Spleen de Paris, pequenos poemas em prosa
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Acerca-te de mim, viajante

A minha foto
P.S.: Os conteúdos da Elipse são da minha autoria (excepto quando referido), e devidamente protegidos por tormentas e bolhas de amor.