Omissão intencional de uma ideia subentendida. Pode ser traída pela zeugma.


sexta-feira, 14 de março de 2008

Banda Sonora do último metro

1:07. 1’04’’ para o próximo metro, o último.
Não é o do Truffaut nem são duas mulheres. São muitas mesmo, numa só.

Entrou quando as portas se abriram. Saiu quando as portas voltaram a abrir.
Ouviu o que disse o funcionário ao colega via inter-comunicador: “Linha verde. A última é uma senhora; está vestida de preto, de calças de ganga, pretas”. Ela poderia ter entabulado uma conversa sobre a Linha Turva e as Calças Vermelhas mas não tinha a certeza de que o interlocutor comungasse do seu gosto musical.
Continuou para o segundo metro. Afinal o primeiro não fora o último. Já não havia quem descesse, só quem subisse. Àquela hora, lá em baixo, o trânsito das massas faz-se apenas num sentido.
Mais à frente, cruzou o olhar com um homem; de facto, estavam à sua espera. “Para a linha verde?”, “Sim, para os Anjos”, “Então, à esquerda”. Seguia, pois, para os Anjos, esse destino quase profético. Se o agente de segurança subcontratado e mal pago fosse um anjo, não lhe tinha dado aquela indicação na encruzilhada. Sinistra? Não, “destra”, diria, mas depois teria que se haver com o chefe.

Na rua propuseram-lhe boleia num skate. Declinou o convite justificando que aquelas rodas só desciam e ela ainda tinha a Forno do Tijolo para subir. Além do mais, aquilo não era a sorta fairytale, apesar de ter apenas duas falanges no dedinho de um dos pés.
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Felizmente que cá em cima a circulação das pessoas se faz em múltiplos sentidos.

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O desajuste informativo manteve-se, e nessa noite sonhou em italiano. Passionnément.
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P.S.: Os conteúdos da Elipse são da minha autoria (excepto quando referido), e devidamente protegidos por tormentas e bolhas de amor.