X na sua alienação tem algo a dizer. Envia uma mensagem a Y.
O receptor será incapaz de ler ou reconhecer a caligrafia –
ali verá apenas alguns pontos e linhas, o traço grosso a preencher uma mensagem vazia.
Y recorre a Z,
que identificará o signo
mas não o significado.
O remetente detecta limites num alfabeto sagrado.
Por seu turno, o intermediário, com o seu aparelho vocálico,
não emite as justas consoantes e vogais pelo que
as palavras ganham autonomia na comunicação tripartida e errática.
O destinatário da mensagem corrompida pela escrita e pela fonética,
talvez pense, revoltado,
que
não pode sempre compaginar com a desordem,
que
os homens nasceram a gritar e cresceram a calar,
que
a língua não brotou do berro,
que
nos fios de voz existe (inútil) silêncio e mistério,
que
(não) quer desenrolar uma contínua palavra vã,
que
na tinta permanente há descompassos,
que
a escrita deixou de funcionar como auxiliar da história e da memória,
que
o vazio (não) é destituído de sentido,
que
se escrever é fazer existir a voz, aquela é inaudível ou um acto-falhado,
(ou) que
no fosso entre a oralidade e a escrita se inventou outra língua.
Perante o lúdico acto e o objecto caligráfico – o papel translúcido e a escrita opaca, –
matutarão sobre a (im)possibilidade do romance
ser traduzido em versos indecifráveis.
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Omissão intencional de uma ideia subentendida. Pode ser traída pela zeugma.
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- P.S.: Os conteúdos da Elipse são da minha autoria (excepto quando referido), e devidamente protegidos por tormentas e bolhas de amor.
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